A gigante da tecnologia Google revelou recentemente uma sofisticada operação de influência digital ligada à China, denominada GLASSBRIDGE. Esta rede complexa de sites de notícias falsas e serviços de distribuição de conteúdo tem como objetivo disseminar narrativas alinhadas aos interesses políticos da República Popular da China (RPC) em escala global.
A Estrutura da GLASSBRIDGE
A GLASSBRIDGE é um grupo guarda-chuva composto por quatro empresas distintas que operam redes de sites de notícias e serviços de distribuição de conteúdo inautênticos[1]. Estas empresas criam e gerenciam centenas de domínios que se passam por sites de notícias independentes de dezenas de países.
Alcance Global
As empresas de relações públicas por trás da GLASSBRIDGE têm como alvo audiências fora da RPC, incluindo países como Austrália, França, Alemanha, Índia, Japão, Rússia, Estados Unidos e muitos outros[1]. Esta abrangência geográfica demonstra a ambição e o escopo da operação.
Táticas de Disseminação
Um aspecto crucial da operação GLASSBRIDGE é o uso de serviços de distribuição de notícias. Duas das empresas de relações públicas envolvidas controlam diretamente esses serviços, facilitando a disseminação rápida e ampla de conteúdo inautêntico[1].
Desmantelamento da Operação
Em fevereiro de 2024, o Google removeu domínios que violavam suas políticas, associados a uma campanha de influência coordenada pró-RPC conhecida como PAPERWALL[1]. Esta campanha operava uma rede de mais de 100 sites em mais de 30 países, disfarçados como veículos de notícias locais.
Times Newswire e Shenzhen Haimai Yunxiang Media
A investigação do Google revelou que os sites de notícias inautênticos eram operados e controlados diretamente pela Times Newswire, um dos serviços de distribuição de notícias que distribuía conteúdo em nome da Haixun[1]. Por sua vez, a Times Newswire é operada pela Shenzhen Haimai Yunxiang Media Co., Ltd., uma empresa chinesa especializada em comunicação global de mídia e promoção de redes no exterior[1].
Implicações e Ações do Google
A descoberta da GLASSBRIDGE ilustra como os atores de operações de informação estão adotando métodos além das mídias sociais para espalhar suas narrativas[1]. Ao se passar por veículos de notícias independentes e locais, esses atores conseguem adaptar seu conteúdo para públicos regionais específicos, apresentando suas narrativas como notícias e conteúdo editorial aparentemente legítimos.
Compromisso com a Transparência
O Google reafirmou seu compromisso com a transparência da informação e declarou que continuará monitorando a GLASSBRIDGE e bloqueando seu conteúdo inautêntico nas plataformas da empresa[1]. A equipe de segurança do Google removeu centenas de sites de notícias associados a esta operação de influência chinesa[2].
Conclusão
A exposição da rede GLASSBRIDGE pelo Google destaca a crescente sofisticação das operações de influência digital. Este caso serve como um alerta para a necessidade de vigilância contínua e medidas proativas por parte das plataformas tecnológicas e dos consumidores de mídia. À medida que essas operações evoluem, torna-se cada vez mais crucial desenvolver ferramentas e estratégias para identificar e combater a desinformação, preservando a integridade do ecossistema de informações online.
Citations:
[1] https://cloud.google.com/blog/topics/threat-intelligence/glassbridge-pro-prc-influence-operations
[2] https://therecord.media/google-fake-news-china-outlets